O Presidente da República, João Lourenço (JLo), saiu de Luanda satisfeito, uma vez que voltou a restabelecer uma ‘ponte’ de diálogo entre o Ruanda e a República Democrática do Congo (RDC), na prossecução da paz no leste da RDC.
Agora, na sua visita oficial de três dias à China, o assunto já não é segurança regional, mas sim a bem conhecida e propalada dívida à China, que tanta controvérsia tem gerado.
Nos últimos anos, 2017-2023, a dívida de Angola para a China reduziu em 5.283,9 mil milhões de dólares, de acordo com dados oficiais do Banco Nacional de Angola, não contabilizando os juros. Atualmente, a dívida situa-se nos 18,4 mil milhões de dólares, que corresponde a 37 % do total da dívida total angolana.
Não nos esqueçamos que, incluído neste valor está a chamada “dívida odiosa” à China, que se refere a uma parte da dívida pública do país que foi apropriada por privados durante o mandato do ex-Presidente José Eduardo dos Santos. Esta dívida é considerada “odiosa” porque foi contraída de forma ilegal e não foi usada para o benefício da população ou do Estado angolano.
Deste modo, o encontro entre o Presidente angolano e Xi Jinping, afigura-se crucial, na medida em que a China tem vindo a desacelerar o seu investimento no continente africano, e Angola não tem sido exceção.
Com a recente aproximação de Angola ao Ocidente, encetado pelo executivo angolano, especialmente em relação aos Estados Unidos, traduzindo-se o Corredor do Lobito no episódio mais notório, em contraste com a tradicional proximidade que existia com a Rússia e China, é importante que JLo, tenha bem definido aquilo que pretende.
Não só na questão da dívida à China, (havendo prazos de pagamento da dívida que vão até 2028 e outros que vão até 2030), mas também ter em linha de conta, que o pragmatismo nas relações internacionais, são mais do que nunca fundamentais neste mundo cada vez mais inseguro.
O facto de o país estar a necessitar de investimento internacional como “pão para a boca”, determina que a política externa do Presidente, deva ser suficientemente flexível por um lado, mas também arrojada, de maneira a que possamos atrair capitais estrangeiros dos mais variados quadrantes geográficos.