Não se pode continuar a governar a economia do país com livros estrangeiros. Está na moda haver uns ministros que fizeram uns cursos no estrangeiro e vêm para Luanda debitar as suas cábulas. O problema é que a economia angolana não é a americana ou inglesa, ou a antiga Soviética. A economia angolana é muito específica, como aliás, a maioria das economias africanas que foram montadas durante séculos como base das economias europeias, estando limitadas por estas.
O que um verdadeiro economista angolano deve fazer é estudar o país. Começar por fazer largos levantamentos estatísticos sobre os padrões de consumo, poupança e investimento de Angola. Voltar a saber as terras aráveis, os produtos cultiváveis, os mercados que se podem desenvolver em Angola. O trabalho tem de começar por ser empírico, experimental, no terreno. Desse trabalho empírico concreto em Angola actual aliado ao conhecimento da história económica de Angola é que poderá surgir uma teoria para a política económica angolana. Tem de se estudar, de pensar, e só depois se pode apresentar um plano realista não elaborado por estrangeiros que se limitam a copiar os textos, mas não a aplicar o que se faz nas suas terras.
Até lá, é melhor estar calado e estudar, estudar. Vamos no quinto ou sexto ano de resultados menores em termos económicos, apesar das boas intenções, depois de um fiasco tremendo que foi o pós-guerra e a roubalheira que se seguiu. Vamos aprender economia angolana.