A aprovação do Orçamento Geral do Estado para o exercício económico de 2024, demonstrou mais uma vez que se um lado diz azul, o outro diz vermelho. Se um segue o caminho A, o outro questiona a razão para tal, mas também muitas vezes não sugere uma alternativa de caminho B.
MPLA e UNITA vão-se digladiando com os seus argumentos e isso não tem nada de mal. Pelo contrário! É sinal que a democracia em Angola vai trilhando o seu caminho.
Contudo, o que se tem assistido ao longo dos anos, é vermos um executivo que vai listando uma enxurrada de promessas, e depois vai-se a ver, pouco fez evoluir o país. Um dos casos mais paradigmáticos é o combate à corrupção que, apesar de reconhecermos alguns progressos, deverá ainda percorrer uma longa estrada. Outro caso, é a eterna diversificação económica que Angola almeja conseguir para se livrar da dependência do petróleo, mas que nunca mais alcança.
Já a UNITA e os seus ativistas de teclado, continuam a pregar as mesmas coisas vezes sem conta até à exaustão. O assunto vai mudando, conforme o contexto ou período político: a alegada ilegalidade nas últimas eleições, o pedido de impeachment do Presidente João Lourenço, a violência perpetrada pelas autoridades policiais, a questão relativa à realização das eleições autárquicas, são apenas algumas das matérias que de quando em vez são trazidas a lume. Sem embargo, em muitos aspetos a oposição levantar as questões mais pertinentes que afetam a sociedade, e ser seu dever escrutinar o desempenho governamental, não podemos deixar também de desaprovar o facto de lançar muitas vezes uma campanha de vitimização, deixando o partido do governo descredibilizado.
Ambos, governo e oposição combatem-se afincadamente e isso faz parte de um sistema democrático. Contudo, de um lado o executivo não pode andar continuamente a perder-se em falsas promessas ou adiar os problemas prioritários que afetam a população angolana. Do outro, a oposição, necessita de cumprir verdadeiramente o seu real papel. Fazer “barulho” faz parte, mas apresentar soluções para os múltiplos problemas existentes em Angola, seria de maior utilidade para todos nós.