É hoje notório que uma boa parte do biliões que vieram da China a partir de 2003 não foram usados para o desenvolvimento do país, mas para encher os bolsos das elites rapinantes de Angola. Aliás, esse facto já deveria ter tido a atenção das autoridades angolanas nas suas relações com Pequim acerca da dívida, pois a China a través de Sam Pa e Lo Fong Hung permitiu uma alegre cumplicidade na rapinagem.
Agora, parece que se abrem perspetivas de novos investimentos americanos. Certamente, estes investimentos não serão feitos com o à-vontade dos Chineses, até porque os Estados Unidos têm leis muito estritas em relação à corrupção de entidades externas (Foreign Corrupt Practices Act; FCPA) e também porque não se acredita que os EUA se limitem a jorrar dinheiro para Angola. Os financiamentos e estruturações serão complexas e não haverá outro “negócio da China.”
Por parte, das elites angolanas não deve haver a tentação de repetir o modelo chinês, isto é, procurar obter o máximo possível de dinheiro americano sem qualquer investimento real no país. Estes anos devem ter consciencializado as elites que é em Angola que devem investir, e investir não significa desviar empréstimos, obter empréstimos e não pagar, vigarizar sócios estrangeiros, colocar activos no estrangeiro. Se estes comportamentos se repetirem, Angola ficará condenada por mais uma geração.
É importante que o Presidente da República crie mecanismos, que não criou, de controlo da corrupção e da apropriação indevida de fundos. Esta aproximação aos EUA talvez seja a última oportunidade de Angola. Há que aproveitar com inteligência e rigor.