O governo militar do Mali afirmou ter assinado um acordo com a Rússia para a construção de uma refinaria de ouro na capital Bamako, um dos vários acordos entre os dois países, numa altura em que a Rússia procura alargar a sua influência regional.
O acordo, um memorando de entendimento não vinculativo, envolve a construção de uma refinaria de 200 toneladas por ano, disse o ministro Alousséni Sanou numa entrevista à televisão estatal.
O memorando é válido por quatro anos, disse ele, sem dar um calendário para a construção. Se for construída, será a maior refinaria de ouro do país da África Ocidental. “Isto permitir-nos-á não só controlar toda a produção de ouro, mas também aplicar corretamente todos os impostos e taxas”, disse Sanou.
O acordo é o mais recente sinal do aprofundamento dos interesses da Rússia no Mali, um dos maiores produtores de ouro de África, numa altura em que a influência ocidental diminui.
A empresa estatal russa de energia nuclear Rosatom assinou um acordo com o Mali em outubro para a exploração de minerais e produção de energia nuclear. Sanou disse também ter assinado um acordo com uma empresa russa para a construção de uma central de energia solar de 200 a 300 megawatts até meados de 2025.
As forças armadas do Mali, que tomaram o poder através de um golpe de Estado em 2021, expulsaram no ano passado as tropas da antiga potência colonial francesa, que combatiam os militantes islâmicos, e associaram-se ao grupo militar russo Wagner Group, que opera em toda a África, incluindo lucrativos negócios mineiros.
A Wagner foi acusada de violações dos direitos humanos na luta do Mali contra os islamistas ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico.
A produção industrial de ouro no Mali totalizou 66,2 toneladas no ano passado, maioritariamente proveniente de minas detidas pela Barrick Gold (ABX.TO), B2Gold (BTO.TO), Resolute Mining (RSG.AX), Allied Gold (AAUC.TO) e Endeavour Mining .