A visita que João Lourenço vai fazer a Joe Biden na Casa Branca tem obviamente um valor intrínseco que não vale a pena escamotear, é um sucesso da política externa iniciada pelo Presidente da República. Mas sobre isso deixemos os seus arautos falar.
O ponto que queremos levantar é outro. Esta visita pode significar um pontapé de saída da renegociação da dívida chinesa.
Angola deve mais de $20 mil milhões a vários credores chineses, incluindo $14,5 mil milhões ao Banco de Desenvolvimento da China e quase $5 mil milhões ao Banco de Exportação e Importação da China. Angola tem buscado alívio no pagamento da dívida, pois tem se esforçado intensamente para superar o impacto da pandemia de coronavírus, os pesados requisitos de serviço da dívida e a volatilidade no sector de petróleo.
O país tem uma economia fortemente endividada e dependente da China como resultado dos empréstimos lastreados em petróleo que assinou ao tentar se reconstruir após o fim da guerra civil de 26 anos em 2002. Isso deixou Angola vulnerável a quedas nos preços do petróleo.
É evidente, que a aproximação aos Estados Unidos não significa a desaproximação à China, mas permite uma maior margem de manobra para renegociar a dívida chinesa, pois torna-se óbvio que Angola tem uma nova potencialidade económica e um novo aliado.
Por isso, este é o momento de agarrar a oportunidade e iniciar conversações sérias para renegociar a dívida.