A violência contra a mulher é um grave problema social, de saúde pública e de direitos humanos que afeta milhões de mulheres em todo o mundo. Ela pode assumir diversas formas, como violência física, sexual, psicológica, económica, cultural ou institucional, e pode ocorrer em diferentes contextos, como na família, na comunidade, no trabalho, na escola, na política ou em situações de conflito.

No caso de Angola, este tipo de violência é uma realidade preocupante, que se reflete nos dados estatísticos e nos relatos das vítimas. Segundo informação veiculada pela ministra da Ação Social, Família e Promoção da Mulher, Ana Paula do Sacramento Neto, só em 2022, nos centros de aconselhamento familiar das 18 províncias, o Instituto Nacional da Criança (INAC) registou 25.728 casos de violência doméstica, dos quais 17.725 foram praticados contra menores e 8.003 contra adultos.

A violência contra a mulher em Angola tem várias causas e consequências, que envolvem fatores históricos, culturais, económicos, sociais e jurídicos. Entre as causas, destacam-se o machismo, o patriarcado, a pobreza, a desigualdade, a falta de educação, a impunidade, a discriminação, a dependência financeira, o alcoolismo, o consumo de drogas, a influência de crenças e costumes tradicionais, a falta de informação e de acesso aos serviços de saúde e de apoio às vítimas. Entre as consequências, salientam-se o sofrimento físico, emocional, mental e espiritual das mulheres, a perda da autoestima, da dignidade, da autonomia e dos direitos, o aumento do risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis, o trauma, a depressão, a ansiedade, o isolamento, a exclusão social, a dificuldade de inserção no mercado de trabalho, a redução da produtividade económica e o impacto negativo nas famílias, nas comunidades e na sociedade em geral.

Para combater este estigma da nossa sociedade é necessário implementar medidas eficazes e integradas, que envolvam a prevenção, a proteção, a assistência, a responsabilização e a reparação. Essas medidas devem contar com a participação e o compromisso de todos os setores da sociedade, como o Estado, as organizações da sociedade civil, as instituições religiosas, os meios de comunicação, as escolas, as empresas, as famílias e os indivíduos.

A violência contra a mulher em Angola é um desafio que exige a atenção e a ação de todos, pois afeta não só as mulheres, mas também os homens, as crianças, as famílias, as comunidades e a nação.

Por isso, é preciso dizer basta e denunciar os casos que se conheçam, apoiar as vítimas que se encontrem, exigir a justiça que se mereça e construir a sociedade que se deseja, uma sociedade livre de violência, de discriminação e de opressão, uma sociedade de respeito, de igualdade e de dignidade para todos.