A sinistralidade rodoviária é um grave problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os acidentes rodoviários causam todos os anos 1,35 milhões de mortes evitáveis, cerca de 3.700 pessoas por dia, 1 pessoa a cada 24 segundos. É a primeira causa de morte dos 5 aos 29 anos. Além das vítimas mortais, os acidentes rodoviários provocam também 50 milhões de pessoas que ficam feridas e permanentemente incapacitadas.
Este flagelo que nos persegue diariamente tem também um elevado impacto económico e social, estimando-se que custe cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países. Os custos incluem os danos materiais, os cuidados de saúde, a perda de produtividade, a redução da qualidade de vida e o sofrimento das famílias e das comunidades.
Entre os fatores que contribuem para a ocorrência e a gravidade dos acidentes rodoviários estão a velocidade excessiva ou inadequada, o consumo de álcool e outras substâncias psicoativas, a falta de uso de dispositivos de segurança como o cinto de segurança, o capacete ou a cadeirinha infantil, o desrespeito às regras de trânsito, a má conservação das vias e dos veículos, a falta de fiscalização e de educação rodoviária, entre outros.
Angola é um dos países que enfrenta uma situação crítica de sinistralidade rodoviária, apresentando a terceira mais elevada taxa de mortalidade por acidentes de viação, tendo atrás de si apenas a Serra Leoa e o Irão. Entre Janeiro e Outubro deste ano, quase 15.000 pessoas perderam a vida e mais de 2.000 ficaram feridas, em resultado de mais de 12.000 acidentes. Esta informação foi facultada pela Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, numa mensagem por ocasião do Dia Mundial em Memória das Vítimas de Estrada. As províncias mais afetadas pela sinistralidade rodoviária são Luanda, Benguela, Huila e Huambo.
Algum tempo atrás, segundo o comandante-geral da Polícia Nacional de Angola, a sinistralidade rodoviária era a segunda causa de mortes no país, depois da malária, com o registo em 2022 de 2999 mortes e mais de 15.000 feridos, de um total de 13.000 acidentes de viação. O excesso de velocidade, o consumo de álcool, a condução sem habilitação legal, a falta de manutenção dos veículos, a sobrecarga e o mau estado das estradas são algumas das causas apontadas para o elevado número de acidentes.
Para combater este flagelo, o governo angolano tem vindo a implementar diversas ações, tais como a criação do Plano Nacional de Viação e Ordenamento do Trânsito (2023-2027), a elaboração e execução da Estratégia Nacional de Prevenção e Segurança Rodoviária 2019, a revisão do Código de Estrada e do Regulamento de Sinalização de Trânsito, a intensificação da fiscalização e da sensibilização dos utentes da via, entre outras medidas.
No entanto, estas medidas ainda são insuficientes para reduzir significativamente a sinistralidade rodoviária em Angola, sendo necessário um maior envolvimento e compromisso de todos os atores e sectores da sociedade, desde as autoridades públicas, passando pelos operadores de transporte, pelas organizações da sociedade civil, pelos meios de comunicação social, até aos cidadãos em geral, que devem adotar comportamentos seguros e responsáveis na via pública, respeitando a vida própria e a dos outros.
“É possível fazer mais e melhor em nome da segurança rodoviária e da concomitante preservação do bem vida! É urgente, deste modo, devolver às estradas angolanas a tão almejada segurança rodoviária”, defende Esperança da Costa, realçando, no entanto, que para lá chegar, “é crucial a acção conjunta de todas as forças da nação, com destaque para a família, a comunidade, a escola, a sociedade civil, a academia, a igreja e o terceiro sector”.
“É essencial, conjugar esforços e agir em conjunto para a inversão da actual situação, marcada pelas elevadas taxas de acidentes, mortes, mutilações e danos materiais, o que demonstra o quanto precisamos de reflectir na mudança de rumo e nos desafios colectivos que temos de enfrentar com vista a alcançar a desejável paz e segurança na estrada”, acrescentou a Vice-Presidente.
A sinistralidade rodoviária é um problema que nos afeta a todos e que exige a nossa atenção e ação. Só assim poderemos contribuir para a redução das mortes e dos feridos nas estradas, e para a melhoria da qualidade de vida e do desenvolvimento do nosso país.