De mensageiras da boa-vontade, as Organizações Não Governamentais (ONGs) têm-se vindo a tornar fraudes, que apenas servem para enriquecer uma elite do Norte rico e “comprar” com umas “migalhas” uns imbecis úteis do Sul-Global.
Vejamos o exemplo das ONGs para ajuda climática para África.
O Reino Unido canaliza a maior parte da sua ajuda climática para a África através de organizações ocidentais, incluindo milhões de dólares através de consultorias privadas. Acontece que menos de um quarto da ajuda climática do Reino Unido a África foi criado para organizações baseadas no continente, o resto fica na Europa…Apesar de se destinarem a projetos em África, a grande maioria destas despesas foi canalizada através de empresas privadas, ONG ou organismos multilaterais sediados no Norte Global (Europa ou Estados Unidos).
Entre 2010 e 2023, o Reino Unido distribuiu 6,64 mil milhões de libras (8,06 mil milhões de dólares) em fundos relacionados com o clima para África. Esta ajuda faz parte do seu compromisso de apoio financeiro a ações climáticas nos países em desenvolvimento. Destina-se a projetos que vão desde a instalação de painéis solares em escolas nigerianas até o apoio à agricultura “inteligente do ponto de vista climático” no Sudão.
Uma investigação da Carbon Brief descobriu para onde foi esta ajuda. Constatou-se que 13% deste montante – ou seja, 833 milhões de libras (mil milhões de dólares) – foi entregue a consultoria privada no Norte Global. Consultorias como Adam Smith International, PwC e KPMG. Na Nigéria e no Gana, 88% dos 282 milhões de libras (342 milhões de dólares) da ajuda climática do Reino Unido foram canalizados através destas empresas privadas.
Neste momento, a ajuda climática do Reino Unido mal pode ser contabilizada como financiamento climático. É mais como um pacote de estímulo governamental para ajudar as suas próprias consultorias financeiras. Enviar ajuda através de uma rede obscura de intermediários globais apenas faz com que mais fundos fiquem no Ocidente e menos cheguem às pessoas no terreno em África.
As consultorias não são as únicas organizações sediadas no Ocidente às quais o Reino Unido concede dinheiro para projetos em África. No seu conjunto, a análise do Carbon Brief sugere que 67% da ajuda climática do Reino Unido a África foi destinada a organizações baseadas no Norte Global.
Uma grande parte destas despesas vai para organizações multilaterais, como agências das Nações Unidas e a Organização Mundial da Saúde. Mesmo que se remova o financiamento a instituições multilaterais, a maioria significativa (59%) da restante ajuda climática do Reino Unido a África ainda é distribuída a organizações baseadas no Norte Global. A análise concluiu que 634 milhões de libras (769 milhões de dólares) foram para ONG sediadas no Norte Global. Outros 397 milhões de libras (482 milhões de dólares) foram doados a funcionários do setor público nos países ocidentais.
Assim se vê que as consultoras e ONGs do Norte são as principais recebedoras dos fundos destinados ao Sul Global…