A produção de café em Angola é uma das mais antigas da África subsariana, remontando ao início do século XIX. A exploração comercial do café foi iniciada pelos portugueses na década de 1830. No seu auge, em 1973, a província de Angola fez do Império Português o terceiro maior produtor de café do mundo. Nesse ano, Angola produziu um total de 230.000 toneladas de café.
O resto da história é conhecida, a debandada portuguesa, a guerra civil, o deslumbramento com o petróleo, o modelo económico assente na venda de petróleo e compra de tudo o resto, arruinaram a exploração do café, um dos pilares da economia angolana.
Actualmente, em tempos de diversificação, é fundamental escolher aquilo que funcionava. Voltar ao café não é uma questão de saudosismo ou neo-colonialismo, mas, meramente, de pragmatismo. Aquele que quase durante 200 anos foi um pilar da economia angolana, pode voltar a sê-lo.
No seu discurso sobre o Estado da Nação, o Presidente da República, anunciou e bem o “ relançamento da produção do café começa já a dar os seus frutos, tendo o volume de produção ascendido às 5 mil toneladas em 2022,1% acima da produção de 2021.
Neste momento, estão a ser produzidas cerca de 4 milhões e 700 mil mudas em várias províncias, que irão permitir a plantação de 2.350 hectares.” Quando nos preparávamos para enfatizar a evolução, deparamo-nos com números supostamente referentes a 2017, fornecidos pela UNCTAD-uma agência da ONU. Segundo esses números em 2017 ”o sector de café angolano contava com apenas 50.000 hectares, um espaço 10 vezes menor do que o verificado nos anos 1970, quando 500.000 hectares eram dedicados à indústria. No mesmo ano, o país limitou-se a produzir 8.000 toneladas de café, empregando 25.000 agricultores, a maioria dos quais operando em pequenas plantações de escala familiar”.
O problema é que João Lourenço apresenta como uma vitória produzir 5000 toneladas em 2022, quando em 2017 se produziam 8000 toneladas. Refere-se à plantação de 2.350 hectares, quando estão plantados 50.000.
Há algo que não bate certo, e esse algo parece residir nos números que os departamentos fornecem a João Lourenço que não devem reflectir a realidade.
Obviamente, que uma parte do futuro da economia angolana está no café, mas antes de tudo há que ter informação e estatísticas fidedignas.