Após o discurso do Presidente da República João Lourenço (JLo) sobre o Estado da Nação e a apresentação do Orçamento Geral do Estado 2024, o líder do principal partido da oposição, Adalberto da Costa Júnior (ACJ) reagiu através de um discurso, num cenário onde a pobreza e as faltas de condições grassavam na retina de qualquer olhar. O local escolhido foi o Bairro da Boavista, no Sambizanga, em Luanda, e como seria de esperar as palavras de ACJ não foram meigas com o executivo angolano de JLo.

A lista de problemas enunciados e relembrados foi extensa: o desemprego, a ineficácia no combate à fome, a desordem na justiça, o caos económico, a falta de inclusão social, entre outras questões estiveram na berlinda no discurso de ACJ.

O incumprimento de promessas eternizadas pelo MPLA e o desrespeito pelas regras democráticas do executivo angolano, não dando direito de resposta aos outros partidos políticos foi também comentado pelo líder do Galo Negro, sublinhando a sua reprovação.  “Os partidos políticos representados na Assembleia Nacional têm o direito de resposta e de réplica política às declarações do Executivo” e considerou ser “muito grave” quando o Presidente da República “nega este direito”. “Em democracia, o discurso sobre o Estado da Nação é um momento de prestação de contas, [gera] um debate contraditório, não somente para os atores políticos, mas também entre a sociedade como um todo, não se podendo proibir que se indague o conteúdo, como se faz nas ditaduras. Nestas, o discurso do Príncipe transforma-se em lei que deve ser por todos acatada. Em democracia, o discurso do Presidente não se torna lei, aguça o contraditório e abre espaço ao confronto de ideias para que haja luz!”, afirmou.

Adalberto reforçou também que o processo de destituição do Presidente não foi esquecido e que a Assembleia Nacional acabou por violar vários preceitos, impedindo assim que a Unita lograsse prosseguir com o impeachment por essa via. Segundo o líder da oposição, os ventos de contestação ao executivo de JLo estão bem patentes na sociedade angolana.

Destaque também para Moçambique. ACJ alega que Angola está a seguir o mesmo caminho que este país lusófono, descrevendo-o: “diz respeito ao também desesperado processo de manutenção do poder a qualquer preço e o uso das forças de defesa e segurança a atuarem fora dos limites da lei”.