De acordo com um novo relatório da Standard Chartered, as exportações totais de África atingirão 952 mil milhões de dólares até 2035, apoiadas por corredores de elevado crescimento entre as regiões africanas e com outras regiões, incluindo a Ásia e o Médio Oriente.

Entre as rotas comerciais mais promissoras destacadas no relatório “Future of Trade” está o corredor África Oriental-Sul da Ásia, que o banco prevê que cresça 7,1% por ano até 2035, reforçado pelas oportunidades de uma Índia em crescimento e trazendo benefícios económicos de 30 mil milhões de dólares. A África Ocidental também beneficiará das ligações com o Sul da Ásia, uma vez que prevê um crescimento do comércio de 6,1% por ano.

“A maior parte das exportações totais de África será impulsionada pelo comércio com o resto do mundo, dominado pelas exportações de produtos de base. Sendo a Índia uma das principais economias em mais rápido crescimento, espera-se que os corredores entre África e o Sul da Ásia cresçam mais rapidamente”, diz o relatório.

Os benefícios proporcionados pelos corredores Médio Oriente-Norte de África e Médio Oriente-África Oriental serão também substanciais, prevendo-se que o seu volume de comércio combinado atinja quase 200 mil milhões de dólares até 2035.

Entretanto, espera-se também que os novos corredores facilitem o comércio intra-africano, que o banco prevê que atinja 140 mil milhões de dólares até 2035, o que equivale a 15% do total das exportações de África. Espera-se que os fluxos dentro da África Oriental e Ocidental cresçam 15,1% e 13,2%, respetivamente.

“Prevemos um crescimento robusto do comércio intra-regional para a África Ocidental e Oriental. Os mercados da África Ocidental têm um grande potencial para a formação de cadeias de valor a jusante de produtos agrícolas como a manteiga de carité e as sementes de cacau. Projectos como o Projeto de Infra-estruturas de Comunicações Regionais da África Ocidental poderão impulsionar uma maior conetividade.

Na África Oriental, o desenvolvimento de infra-estruturas transfronteiriças de grande escala, como o Projeto do Corredor de Lapsset, que liga a Etiópia, o Quénia e o Sudão do Sul, irá impulsionar o comércio nas próximas décadas”, afirma o relatório.

IMPORTÂNCIA DA ZCLCA

No entanto, muitos dos benefícios dependerão do sucesso da implementação da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA). O valor total das exportações de África poderá ser 29% superior até 2035 se o regime for totalmente implementado.

Uma sondagem realizada pelo banco junto de mais de 100 líderes empresariais africanos revelou que 63% consideram que as “regras comerciais complexas e incertas” constituem o maior desafio para o comércio intra-africano, enquanto 51% referiram a ineficácia dos facilitadores do comércio e 53% destacaram as infra-estruturas subdesenvolvidas.

Os executivos do banco afirmam que é necessário implementar uma série de opções políticas para que o valor total da ZCLCA seja libertado.

Segundo um estudo do Banco Mundial, se a ZCLCA for totalmente implementada, o total das exportações dos mercados da ZCLCA em 2035 poderá aumentar potencialmente 29% em relação à linha de base de 2035, e o total das exportações intra ZCLCA poderá quase duplicar durante o mesmo período.

“Para além do impacto direto, a ZCLCA poderá ter um impacto induzido para além do que é atualmente contabilizado. Por exemplo, o crescimento das exportações da indústria transformadora poderia aumentar a produtividade e a competitividade de África, levando a maiores entradas de IDE e transferências de tecnologia, o que poderia aumentar ainda mais a aprendizagem industrial e o potencial de exportação das indústrias africanas”, conclui o relatório.