O Fundo Monetário Internacional (FMI) através do economista do Departamento Africano do Fundo Monetário Internacional Thibault Lamaire deixou mais um aviso ao executivo angolano. Em entrevista à Lusa, o economista considerou que Angola deve voltar a desenvolver um rigoroso ajuste do orçamento, tanto neste como no próximo ano, de forma a garantir a sustentabilidade da dívida pública e cumprir as metas orçamentais, ou seja, a austeridade é o cenário que se vai verificar na economia angolana.
No seu discurso anual do Estado da Nação, o Presidente da República João Lourenço já deixou algumas pistas sobre a política económica que o Governo irá trilhar nos próximos meses. Deixou claro que a redução dos subsídios aos combustíveis vai prosseguir com o objetivo de “aproximar o seu preço real ao preço cobrado aos consumidores”. Também realçou que é prioritário reduzir num curto prazo o rácio da dívida para 60% do PIB, destacando que essa redução tem sido visível dando como exemplo os 69% que atingiu no ano passado.
Assim, pelo menos na componente teórica a austeridade parece ser a nova “palavra de ordem”. Lamaire recordou que “no que diz respeito às pressões orçamentais, a grande flexibilidade orçamental de 2022 deixou Angola mais exposta a choques externos; o regresso ao ajustamento orçamental em 2023 e 2024, conforme previsto, é fundamental para manter a sustentabilidade da dívida”. Só assim o país irá lograr concretizar as reformas que são fundamentais para voltar a crescer economicamente e dessa forma atrair mais investimento.
Um outro tema abordado pelo economista e que está sempre a vir à tona, é a eterna questão da dependência de Angola em relação ao setor petrolífero. Sobre esse aspecto, disse que “a continuação da elevada dependência do setor do petróleo constitui um problema para o desenvolvimento económico” e sublinhou que “a diversificação do setor petrolífero para outros setores com elevado potencial, como a agricultura e as tecnologias de informação e comunicação, é crucial a médio prazo”.
Recordamos que o FMI prevê para este ano um crescimento económico, que não vai além do 1,3 %. Esse crescimento poderá chegar e estabilizar a médio prazo nos 3,4 %, caso o Governo concretize as reformas estruturais que tanto defende, nomeadamente aquelas que apostam na diversificação económica.