O Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, foi reeleito para um segundo e último mandato de cinco anos com os resultados a serem anunciados muito mais cedo do que o previsto, após mais uma votação conturbada no país da África Austral, que tem um historial de eleições violentas e disputadas.

A principal oposição, a Coligação de Cidadãos para a Mudança, liderada por Nelson Chamisa, que ficou atrás de Mnangagwa na votação presidencial, manifestou a sua preocupação com a alegada manipulação do resultado. O partido da oposição que afirmou que a sua própria contagem dos resultados da votação mostrava Chamisa na liderança, vai contestar o resultado das eleições presidenciais.

A Comissão Eleitoral do Zimbabué declarou Mnangagwa, 80 anos, como presidente eleito, conferindo-lhe um mandato para formar o próximo governo, num ambiente tenso na capital, Harare. Segundo a comissão, o atual presidente, que depôs o antigo líder Robert Mugabe em 2017, obteve 52% dos votos, contra 44% de Chamisa. Em termos de números, Mnangagwa obteve 2,3 milhões contra 1,9 milhões de votos de Chamisa.

No início da semana, as missões de observação regionais e internacionais pronunciaram-se contra o processo eleitoral, incluindo os atrasos consideráveis na entrega do material de voto às assembleias de voto, o que obrigou Mnangagwa a prolongar a votação, sobretudo nas zonas urbanas, para um segundo dia.

Os observadores da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) afirmaram que alguns aspectos das eleições “não respeitaram” a Constituição e as regras eleitorais do Zimbabué. A União Africana também manifestou preocupações semelhantes relativamente ao facto de os eleitores terem sido recusados em 30% das assembleias de voto que visitou, bem como à prisão e detenção de observadores da sociedade civil.

A Embaixada dos Estados Unidos em Harare, bem como a missão de observação da União Europeia, também se manifestaram preocupadas com os problemas observados ao nível da transparência, independência, equidade e credibilidade dos processos eleitorais.

A vitória de Mnangagwa significou que o partido ZANU-PF manteve a liderança governamental que detém há 43 anos na história do Zimbabué. Mnangagwa terá de unir uma nação fortemente dividida ao iniciar o seu segundo mandato, tendo como pano de fundo uma economia com fraco desempenho, caracterizada por uma inflação galopante e pela fraqueza sustentada da moeda local.

Embora o Zanu PF, partido no poder de Mnangagwa, tenha conquistado 136 dos assentos parlamentares, à frente dos 73 do partido de Chamisa, ficou aquém da maioria de dois terços dos 140 círculos eleitorais que ambicionava.

Uma maioria de dois terços na Assembleia Nacional teria permitido ao Zanu PF fazer aprovar políticas e legislação, num contexto em que os defensores dos direitos humanos e da democracia receiam que Mnangagwa possa vir a promover uma alteração constitucional para prolongar o seu mandato para além do limite de dois mandatos. Na sessão parlamentar anterior, o Zanu PF utilizou a sua maioria no parlamento para fazer aprovar a chamada Lei Patriótica, que penaliza os zimbabuanos que apelarem ou encorajarem sanções contra o país.