Argentina, Egipto, Irão, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, foram os seis países convidados a tornarem-se novos membros do bloco Brics.

O anúncio foi feito pelo Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, anfitrião da cimeira dos líderes do Brics em Joanesburgo.

Para a China e a Rússia, a inclusão de membros faz parte de um esforço de longa data – e muitas vezes frustrado – para transformar um grupo largamente simbólico num veículo para remodelar as estruturas comerciais e financeiras internacionais, a fim de proteger os seus interesses contra futuras sanções dos Estados Unidos e dos seus aliados.

Xi Jinping, o líder da China, saudou a expansão “histórica”, que, segundo ele, seria um “novo ponto de partida para a cooperação dos BRICS”. Os discursos de Xi Jinping têm-se pautado sempre contra o sistema de alianças e sistemas financeiros dominados pelos EUA.

As sanções contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia tornaram mais urgente o esforço da China para criar estruturas financeiras globais alternativas e cadeias de abastecimento resistentes às perturbações ocidentais.

Nem todos os membros estão totalmente alinhados com a posição geopolítica da China e da Rússia, e algumas partes potenciais da estratégia de longo prazo – como a redução da dependência do dólar no comércio – permanecem experimentais.

Contudo, a intenção é clara. A China pensa que as relações com o Ocidente se vão deteriorar e que o futuro das relações com o mundo estará enraizado no mundo em desenvolvimento, pelo que pretende encontrar formas de institucionalizar e consolidar sistemas resistentes.

Fazendo eco do Presidente russo Vladimir Putin, o líder chinês atacou os Estados Unidos por comportamento “hegemónico”. “Não pode ser que quem tem o braço mais grosso ou a voz mais alta tenha a última palavra”, afirmou.

Num sinal do seu isolamento internacional, Putin compareceu através de uma ligação vídeo. Se tivesse comparecido pessoalmente, a África do Sul teria sido legalmente obrigada a prendê-lo, uma vez que enfrenta acusações de crimes de guerra no Tribunal Penal Internacional.

Embora a Índia e o Brasil tenham reservas quanto à crescente agenda anti-EUA, a China e a Rússia têm encontrado algumas nações em desenvolvimento mais receptivas às suas preocupações sobre o domínio americano, o que é parte da motivação para mais membros, segundo alguns analistas.

Embora o mundo em desenvolvimento sempre tenha sido fundamental para os esforços de Pequim de refazer as organizações multilaterais para proteger os seus interesses, o azedar das relações com os EUA e a Europa levou Xi a redobrar a estratégia de obter favores nos mercados emergentes.

Alguns analistas chineses acreditam que a China tem mais espaço de manobra, em parte porque a invasão da Ucrânia pela Rússia distraiu os EUA do compromisso com os países em desenvolvimento.

A cimeira enviou uma mensagem clara aos Estados Unidos e aos seus aliados de que “não é possível conter ou suprimir a China porque ela tem amigos em todo o mundo”, afirmou Ming Jinwei, um comentador político independente.