Quando os candidatos presidenciais republicanos subirem ao palco em Milwaukee, no dia 23 de agosto, para o primeiro debate da campanha de 2024, haverá uma questão que se sobreporá a todas as outras.

Quer Donald Trump apareça no palco ou opte por fazer comentários em direto através das redes sociais, a questão central que se coloca aos participantes será a de saber se o antigo presidente que é bastante carismático é o candidato certo para levar o estandarte republicano para o combate político do próximo ano contra o Presidente Joe Biden.

A agência de sondagens FiveThirtyEight.com estima que Trump lidera com larga margem: 53,7 % contra 14,3 % do governador da Florida, Ron DeSantis, o seu adversário republicano mais próximo. Nas sondagens actuais, nenhum outro candidato atinge os 8%.

Os 78 crimes que Trump enfrenta atualmente em três acusações separadas – uma quarta acusação, na Geórgia, vai enfrentar 13 acusações criminais- não conseguiram diminuir a sua popularidade junto dos eleitores republicanos. E mantiveram Trump nas manchetes, privando os rivais de oportunidades de ganhar a atenção de que precisam para fazer crescer as suas campanhas.

É por isso que os outros candidatos no palco do debate devem pensar cuidadosamente no que dizer sobre Trump. Na esperança de se manterem do lado bom de milhões de eleitores dedicados a Trump, alguns esquivar-se-ão a perguntas que convidem a críticas ao antigo presidente e centrarão o seu fogo em Biden, noutros democratas e nos meios de comunicação social.

Mas quem espera derrotar Trump tem de encontrar oportunidades para persuadir os eleitores de que Trump não pode derrotar Biden. E não terão muitas oportunidades de chamar a atenção dos eleitores com os vários julgamentos de Trump a dominarem as notícias políticas.

Para se qualificar para o debate, cada candidato precisa de ter pelo menos 1% de intenções de voto em três sondagens nacionais de qualidade ou numa mistura de sondagens nacionais e estaduais, e deve ter pelo menos 40.000 doadores. Até agora, oito candidatos cumpriram os requisitos, incluindo Trump, DeSantis, Tim Scott, a antiga embaixadora da ONU Nikki Haley, Vivek Ramaswamy, o antigo governador de Nova Jérsia Chris Christie, Doug Burgum e o antigo vice-presidente Mike Pence.

Uma questão desde logo se coloca: será que Trump vai aparecer?

Os argumentos contra a sua presença são óbvios. Trump está a ganhar. E por larga margem. Não há nenhuma vantagem em aparecer ao lado de rivais da liga secundária que precisam desesperadamente de se destacar com a enorme audiência que só um evento dominado por Trump pode proporcionar.

Mas, será que Trump vai aceitar ficar em casa quando podia estar no centro do palco? Ele pode não querer permitir que as acusações de outros candidatos fiquem sem resposta.

O debate de 23 de agosto dará aos seus rivais republicanos uma importante oportunidade de reescrever a história desta campanha. A decisão de Donald Trump sobre se e como responderá dará o tom para o resto da campanha das primárias.