No domingo, a República Centro-Africana realiza um referendo sobre a sua nova Constituição, que (surpresa!) elimina os limites dos mandatos presidenciais. Com a violência praticamente assegurada, a votação será protegida pelo exército…e por um grupo de mercenários estrangeiros de um grupo que se tornou um nome conhecido.

Acabado de sair de um motim fracassado na Rússia, o famoso Grupo Wagner actuará como guarda pretoriana do Presidente Faustin-Archange Touaderá para garantir que o plebiscito decorra sem problemas na RCA, uma nação rica em recursos, mas pobre em tudo o resto e cronicamente instável. Os combatentes do Wagner estão destacados para a RCA desde 2018 e ajudaram Touaderá a ser reeleito há dois anos, afugentando os rebeldes (por seu lado o Presidente mostrou a sua gratidão construindo uma estátua em homenagem aos soldados “russos” em Bangui, a capital).

No entanto, com o seu chefe, Yevgeny Prigozhin, a cair em desgraça junto de Vladimir Putin, o futuro do grupo Wagner na RCA é incerto. Embora o Presidente precise dos mercenários para manter os rebeldes sob controlo e Bangui a salvo, o Kremlin – que de facto retirou o controlo de Wagner a Prigozhin – poderá decidir enviar as suas forças para a Ucrânia ou para qualquer outro lugar onde Moscovo precise de tropas no terreno.

Seja como for, o que quer que aconteça na RCA será acompanhado de perto no Burkina Faso e no Mali, dois países africanos dirigidos por juntas militares onde a Wagner tem contratos e Putin tem interesses.