Como é sabido, o ano passado não deixou saudades na área económica. Isso também ficou comprovado na saúde financeira de algumas empresas em Angola. Das 70 empresas estatais (SEEs) tivemos 13 do Setor Empresarial do Estado que apresentaram demonstrações financeiras de 2023 ao Instituto de Gestão de Ativos do Estado (IGAPE), com capital próprio negativo, totalizando 908,0 biliões de Kz.

A Biocom, uma empresa de produção de açúcar e energia renovável, foi identificada como o maior “paciente crónico” com o capital próprio negativo mais substancial, respondendo por 53% do valor total. Além disso, apesar de um número reduzido de SEEs com capital próprio negativo em comparação ao ano anterior, o valor do capital próprio negativo aumentou em 43% de -633,7 biliões de Kz para -908,0 biihões de Kz.

A Biocom, com -438,4 mil milhões de Kz, apresentou capital próprio negativo desde pelo menos 2020 e tem reportado consistentemente resultados líquidos negativos. A Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) e o Grupo Zahara também tiveram quantidades significativas de capital próprio negativo em 2023.

As 13 SEEs em dificuldades estão espalhadas por várias instituições estatais, incluindo o Ministério da Administração Pública e Segurança Social, Ministério da Agricultura e Florestas, Ministério da Energia e Águas, Ministério das Pescas e Recursos Marinhos, Governo Provincial de Luanda, Ministério da Indústria e Comércio, Ministério dos Transportes e o Sector da Defesa.

Estas 13 empresas com capital próprio negativo reportaram perdas em 2023, totalizando 294,7 mil milhões de Kz. Apenas três delas tiveram resultados operacionais não negativos no mesmo ano: a Angola Telecom, a Edipesca Angola e o Grupo Zahara, contudo, esta última, não apresentou relatório do auditor externo, razão pela qual se colocam dúvidas sobre a veracidade das suas contas.